sexta-feira, 25 de março de 2011


Não precisava de muito para ser feliz. Apenas um colchão menor que a cama, um lençol limpo, um domingo, e o seu edredom para cobrir todas as incertezas. Eu esperava o pra sempre chegar, e ele veio. Dessa vez acabou. Pra sempre. Por uma bobagem qualquer, como eu sempre suspeitei que seria. Junto, decretando o fim, veio aquela palavrinha que sempre dizem para a gente não dizer: Nunca. Nunca mais vou estar em uma daquelas manhãs que começavam bem antes do previsto, com um beijo sem dente escovado e uma animação que ia além da minha cara amassada e do meu cabelo desarrumado. Você estava ao meu lado mesmo quando eu cantava errado, dirigia errado, falava com voz de criança e perdia o tom. Estava também quando eu tinha medo (e eu tinha muitos e de muitas coisas, até de mim, ou principalmente disso.); quando eu queria me esconder do mundo, e de mim mesma; quando eu me mexia demais na cama e te tirava o sono; e quando eu sofria de uma saudade súbita das coisas que não voltam mais. Era você, só você; que media o número do meu pé na palma da mão; que me dizia que eu era capaz de aprender qualquer coisa, e me ensinava tudo; que me enchia e me preenchia de amor e de você; e que me tirava do chão por horas, e dias, por todos esses anos e talvez pra sempre. E olha o pra sempre; aqui de novo, de novo e mais uma vez. Assim como essa história reticente na minha vida, mas eu preciso decretar o fim, definitivamente. Preciso de um nunca; pra sempre. Preciso de um 'pra sempre' que nunca acabe. Preciso de certezas, de presente e do absoluto. Preciso refazer o caminho para ver se eu descubro onde foi que eu me perdi, em que momento, em que altura, em qual atalho. Existem histórias que terminam assim: sem beijos doces, sem sorrisos gratuitos, sem final feliz. Existem histórias de amor sem aquele lindo desfecho com fogos de artifício, borboletas na barriga e lágrimas de emoção. Existem histórias de amor que simplesmente terminam, sem que nem mesmo termine o amor.

Gabriela Castro

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